segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mudámos*

Custa-lhe um pouco aceitar que a mudança é inevitável. Ela odeia ter que admitir que o que a rodeava tinha razão, e afinal, ser grande (ou tentar) não serve de nada…ou não serve de quase nada.
Não é que isso a deixe triste, porque de facto, já há muito que ela sabia que isso ia acontecer, mas acho que só agora teve coragem de aceitá-lo.
Que seja então assim…dizem que quando se cresce, se sofre. É isso não é? Ela diz que sim, mas que mesmo assim está feliz a aprender como deve ser. Como deve ser Não, corrige, está a aprender como teve de ser.
Nunca acreditou que a distância existisse de verdade, mas agora sabe a razão do silêncio doloroso, da música triste que toca, e mais ainda do sorriso que vê no espelho.
Melhor que ser obrigada a mudar, pensa ela, é saber que foi uma mudança saudável para ela própria e para quem convive com ela. É mesmo, pergunto-lhe? Sim, garante e com firmeza. Agora que sabe o que é melhor para ela, não vai ser a mesma…se a distância existe, foi porque alguém de algum lado a criou, então quem é ela para modificar seja o que for?
“Não mudo o que eu fiz porque se sou como sou, foi por isso…mas mudo o que posso vir a fazer”…não foi ela que escolheu, foram as circunstâncias que assim o quiseram. Diz isto com uma lágrima, que trata logo de limpar, porque ela não gosta de se mostrar fraca diante do Mundo, porque de facto não o é, e nunca o foi.
Não sei se posso, ou se quero mostrar-lhe o contrário, porque não acredito nas distâncias, mas acredito no silencio…ou será o contrário?
Explico-lhe uma e outra coisa.
Espera, pede ela…"acho que tens razão quando dizes que a distância acaba quando as duas ou três, ou mais partes se juntam, mas e depois, volta tudo ao mesmo", pergunta ela?
Olha para mim, e já sabe a resposta: por momentos voltamos, mas depois percebemos que a vida é diferente e que as escolhas também.
Digo-te e repito, quem sabe no final?!
Ela acena com a cabeça e vai embora feliz, com o sorriso que eu adoro!
*

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